Preocupação em Portugal pela "infodemia" que se propaga mais rápido que o coronavírus

Coronavirus

Source: SBS

Uma preocupação entre as autoridades portuguesas são as fake news e manipulações em volta desta crise sanitária.


Cerca de 18 portuguesas e duas brasileiras entre as 20 pessoas que Portugal foi resgatar a Wuhan. 

Todos estão de quarentena por 14 dias mas estão bem e sem sinais de doença. Há outras duas pessoas que surgiram nas últimas horas como possíveis infetados. Estão em isolamento, à espera do resultado de análises clínicas.

Há também outros dois casos, dois homens com idade na casa dos 40 anos que estão hospitalizados e em isolamento à espera dos resultados das análises para despistagem do coronavirus. Um desses homens, com 44 anos, mostra sinais que tornam forte a suspeita de infeção, resta saber se o vírus é mesmo coronavírus.

As autoridades sanitárias portuguesas já estão a verificar todas as pessoas que contactaram com esses dois homens nestes últimos dias – é uma informação prestada na conferência de imprensa diária, às 8 da noite do Ministério da Saúde de Portugal.

Uma preocupação entre as autoridades portuguesas são as fake news e manipulações em volta desta crise sanitária.

Um exemplo conhecido dessa manipulação: um vídeo milhares de vezes replicado em redes sociais – mostra uma mulher asiática, jovem – parece deliciada a saborear o que nos é dito ser uma sopa de morcego.

Em legenda ao video é dito que foi filmado em Wuhan, China e é sugerido que pode estar naquele prato a origem da epidemia de coronavírus.

O problema é que aquele video foi feito há 3 anos.

E mostra, sim, o saborear de uma sopa de morcego, só que não é na China é numa das centenas de ilhas de origem vulcanica do arquipélago de Palau, uma república do pacífico ocidental situada a uns 500 kms das Filipinas

Aí, sim – nesse arquipélago, classificado como tesouro da natureza há o culto da sopa de morcego – como petisco especial.  

Este é um exemplo – de uma outra epidemia que se propaga ainda mais depressa do que a do coronavirus… poderemos chamar-lhe ‘infodemia’.

É a exploração de um medo infeccioso através da propagação de relatos falsos.

O fascínio pelo noticiário alarmista ou catastrófico concorre – para o aproveitamento desta emergência coronavírus para explorar – a ameaça do perigo amarelo…associada à realidade chinesa.

As mentiras que em volta do coronavirus circulam nas redes sociais – alem de lastimáveis, são perigosas – atingem um alvo – públicos jovens – que não cultiva frequentar fontes jornalísticas confiáveis e asssim se propaga – o medo – e essa forma de xenofobia ou racismo que está a ser a sinofobia.

Muitos já desconfiados de restaurantes chineses, a temer encomendas enviadas da china ou até a rejeitar pessoas que tenham no rosto traços asiáticos.

Ontem à tarde em Bruxelas, junto aos quarteirões das instituições europeias – um grupo de jovens de diferentes nacionalidades asiáticas desfilava com camisolas onde se lia – je ne suis pas un vírus.

Eles, de facto, “não são um virus”, são vitimas de um vírus que se propaga: o das mentiras online.



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